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A LIRA FELINA

o grunhido do céu desadormece as garras

já era tempo da sonata toar

em chão airado

na bocaina daqueles pés 

vinham-lhe rizomas de pele

na ponta-corte da cor da asa 

raspavam-lhe sopros

numa nota de vento da folhagem

a lira felina despertava

o sonar de um terreno

nos submersos mundos

de cantos e ninhos

rompiam-lhe o cenário

de selvas e horizontes

 

o afluxo da fenda decifra o vôo

ainda dura o trovejo daquele timbre

em solos de estirpe

na maternidade daqueles órgãos

saltitavam-lhe ânsias de penugem

no vértice-talhe da matiz da auréola

pingavam-lhe chuvas

num sinal de aragem das nuvens

o felino-pássaro farfalha

penas no drapejar do folgo

no flúmen naturalmente torcido

de pontes e cepas

eclodiam-lhe a orbe

de rastros e prumos

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